Voltando com a leitura
Decidi fazer, finalmente, da leitura um hábito. É claro que eu já li livros e tenho vários aqui em casa. O que digo é de sempre estar lendo algo, coisa que não acontecia. Não era raro eu ficar 1 ano inteiro sem ler nenhum livro sequer. Então, decidi mudar isso. Estabelecendo algumas regras, como: quando ler, não ficar com celular perto. Não ler com pressa, e por ai vai.
Tudo ocorria bem, fui lendo 1984 nessas regras, mesmo em um ou outro capítulo chato ou longo. Mas eis que o próximo livro, me deixou muito irritado e entediado. Eis que volto a escrever aqui para falar mais de Homem-Máquina de Max Berry.
Eu vi que a história era na verdade escrita em um blog e que foi reeditada para virar livro. E isso fica meio claro na escrita: ela é um tanto apressada e parece que levaram semanas entre capítulos. Não digo da história, e sim do capítulo mesmo, dando a impressão que não estava bem conectado. Ainda assim, não achei isso o pior do livro.
Claramente o personagem principal, Charles Neumann, tem algo. Eu diria que pode ser autismo, por não ser nada sociável. Claro que isso é um clichê, nem todo autista é assim. Mas digo de não compreender algumas coisas, não saber se expressar e tal. Só que, aqui parece tudo levado ao clichê máximo, como por exemplo: ele tirar nota 0 em teste social. E a empresa que ele trabalha, a Futuro Melhor, tem vários testes para medir muitas coisas, menos pessoas capacitadas para diagnosticar uma pessoa? Acho incoerente.
E se a gente considerar que Charles não tem nada de nada? Ai eu acho que piora, pois é apenas uma pessoa extremamente egoísta. Quer tudo para ele, mesmo que seja financiado. Não pensa em nada nem ninguém, mesmo que aquilo possa salvar uma vida. Sério, ele chega a ficar raiva porque criaram determinado aparelho para os olhos e, como não foi ele o criador ou idealizador, ele não quer usar. Esse é o nível do nosso protagonista.
O problema, se eu for tentar localizar, é o protagonista mesmo. Como é ele narrando, é um porre de acompanhar a história. Ler que ele quer fazer upgrade nas coisas como se tudo estivesse como defeito - ele só não quer mexer nos computadores que ele mesmo diz que são lentos, tanto o dele quanto os da empresa -, que não sabe socializar quando na verdade era só dar um simples "oi" ou ler que as coisas tendem a serem apenas lógicas, é simplesmente irritante demais. E ler um livro, uma história assim narrada por um personagem chato, é torturante.
Não digo que os personagens principais precisam ser bonzinhos. Longe disso. Eu digo que tem que ter mudanças. Se o começo do livro ele é de um jeito e termina do mesmo jeito, que moral tiramos dai? É impossível criar uma conexão, mesmo que pequena. Ficamos muito interessados quando tem um vilão tem um ideal e entendemos, mesmo que nada justifique. Aqui, só temos uma pessoa mimada que encara uma situação de uma forma e quer apenas upgrades para si e é só isso mesmo. Nem a personagem feminina que ele se envolve, ele dá valor! Assim como ele não dá valor para nada, do início ao fim.
Eu comprei esse livro acho que em 2012 ou 2013. Eu lembro que não tinha terminado porque achei um porre, chato mesmo. Pensei que seria diferente agora, por isso até passei na frente de um que já comecei e estou mais interessado do desde o começo do que qualquer parte de Homem-Máquina que passei; e eu consegui achar mais chato agora do que antes. Parece que mesmo falando sobre tecnologia, o livro ficou datado.
Ainda assim, é bom deixar registrado que eu não desisti da leitura e fui até o fim. Quero realmente fazer disso um hábito, porque ler parece que irriga meu cérebro e me faz ter uma vontade absurda de escrever. E também é muito bom ler livros, apreciar essas histórias. Claro, nem sempre vai vir um livro e nos agradar, mas vou até o fim.